6.4.12

Something in the way

Eu costumava crer no amor, tanto que cheguei a tatuar isso em mim. Porque segundo minhas ideias, o amor seria a única palavra que eu nunca me arrependeria de ter em mim. Seria a única coisa que não me desapontaria. É claro que amor abrange diversos significados e ele se manifesta de diversas maneiras.
Não é apenas estar apaixonado por alguém, gostar muito de seus amigos ou a admiração extrema que temos pro nossos familiares. O amor aparece na vida. Se você quiser você pode ver e sentir o amor de novas maneiras.
Tu pode sentir isso andando na rua e observando a movimentação da cidade ou olhando para as estrelas de noite. Depende de nós encontrar sempre amor em tudo.
Mas isso é tão utópico.
O amor não é tão fácil de se encontrar, de se sentir.
Descreva pra mim o que é amor, como sabemos o que é.
Paixão é fácil de descrever, carinho e dedicação.
Mas amor?
E hoje eu fico me perguntando se em algum momento da minha vida eu realmente senti amor, por algo, alguém ou qualquer outra coisa transcendental?
Mas dor, ahhhhh a dor como nós sentimos.
Corações partidos, amigos que morrem, até mesmo perder seu ônibus de manhã.
Tudo vem da dor.
A dor é a nossa força vital e não o amor. O amor não nos faz crescer, não nos faz aprender. O amor não transcende. A dor sim.
Vivemos da dor, precisamos dela, somos viciados nela. É como um roxo na perna que não cansamos de apertar, dói, mas é bom, mas faz bem.
Ao contrário, a dor também nos tranca dentro de nós mesmos. A dor, carrega com ela, o medo. O medo nos paralisa, o medo nos priva de tudo que poderíamos ter tido, feito ou sentido.
Pois se ignorarmos o medo e nos entregarmos, sentiremos no fim de tudo a dor.
O medo nos paralisa exatamente para evitar a futura dor. Mas nunca paramos, raramente paramos. Sempre nos entregamos para o misterioso.
E quando nos entregamos para o misterioso, poderemos também ter momentos de amor, de felicidade plena, mas no fim, atingiremos a dor.
Da dor atingiremos a saudade, a nostalgia.
E quando chegamos na nostalgia, é um beco sem fundo. Sempre será.
Porque a nostalgia sempre nos dá esperança, de aquilo tudo pode acontecer de novo.
E não irá, e por fim, desapontamento.
Nesse ciclo vicioso que vivemos, em todas as nossas relações, seja elas pessoais ou interpessoais.
Queria eu quebrar esse ciclo, queria eu ser desprovida de emoção.
I wish, oh how I wish.