20.7.10

Por rodoviárias e ônibus cheios

Sempre havia prometido escrever de minhas viagens de ônibus, porque dentre as milhares que já fiz, elas nunca são comuns, sempre há algo de extraordinário, me sinto numa crônica corriqueira, mas que acabam sendo sempre esquecidas após Morfeu me roubar para o mundo dele. Me lembro de poucos detalhes disso, mas já viajei com um hippie que conversava com um cara muito estranho, sobre São Tomé das Letras e do tal morro que o carro sobe sozinho e sobre Uberlândia e como as pessoas são chatas por lá, outras vezes viajei ao lado de senhoras que roncam e uma vez um senhor sentou em mim no meio da madrugada alegando que aquele era o lugar dele, porque eu adoro mudar de lugar no ônibus de madrugada. Mas a experiencia mais chata foi quando uma mulher com uma filha de 5,6 anos resolveu comprar um banco só do ônibus achando que não ia encher, e claro, a cadeira do lado a sortuda que comprou fui eu. E viajou ela, a menina em cima de mim e eu...detestável.
Isso foi a mais ou menos um mês atrás e virou piadinha entre várias pessoas conhecidas e toda vez que eu entro num ônibus faço oferendas aos santos e aos orixás e sempre sacrifico um carneiro, porque nunca é demais apelar pra tudo não é? E exatamente, depois de muita piadinha eu me sento ao lado de outra mulher com criança. Não é possivel, mais pé frio que eu não existe!
O menino era pequeno, devia ter uns 2,3 anos acho, dormiu o caminho todo na mãe, mas de manhã até eu fui babá dele, segurando ele enquanto ela arrumava tudo. Até que ele era simpático.
Mas já viajei ao lado de gente muito legal, de umas meninas fofas que conversavam comigo e riam comigo, do lado de senhoras que se sentiam responsáveis por mim no onibus e já dei, rara as ocasiões, a super sorte de viajar sozinha em dois bancos. Tentador!
Também já fui paquerada dentro do tal veículo e já ouvi histórias de muitos. Uma vez entrei no ônibus e tinha um malandrão no celular falando que era loucão, que pegava todas e que ia paquerar com as gatas no ônibus, já ouvi história de um senhor que trabalhava na lavoura de café e feijão e tinha perdido a mãe recentemente e ele e a mulher ao lado dele contaram a vida todinha deles na fazenda e compartilharam entre sí, e com o ônibus todo, suas lástimas familiares. Sem esquecer do mesmo homem às 3 da manhã cantando "minha vida é deuss, de quem? De deuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuus".
É fascinante o contato com as pessoas.

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