22.8.10

Sad stories for sad lovers

Ela.
Seus cabelos estavam grandes, maiores do que pensara. Suas unhas estavam descacadas, com um resto de uma cor estranha e suas olheiras mais profundas. Seu vestido branco estava quase marrom, jogado em seu corpo, mostrando falta de amor e cuidados. Estava vestindo-a apenas, sem simbolismo, sem beleza, só a cobrindo. Seus dedos finos tocavam toda a superfície, daquilo que um dia fora seu sorriso. O espelho era cruel com ela, mostrava tudo que ela tentava ocultar, tentava não se lembrar e se escondia sempre. Tudo aquilo que ela recusou, que ela fugiu e que ela deixara pra trás agora vinham num turbilhão de imagens, sons, cores e cheiros na frente do espelho. Tudo que ela sempre odiara estava ali, grudado nela. Então ela reparou...ela havia se tornado tudo que um dia ela odiara.
Ele.
Seus caixos estavam bagunçados, proporcionalmente e intensionalmente. Seus olhos tinham um brilho diferente, uma cor nova, quase cinza e seu sorriso quase nunca saia de seu rosto. Sua roupa era bem cuidada, bem lavada e bem passada, demonstrando o carinho de uma mãe coruja. Ele sempre sorria, ele sempre ria, sempre conversava com todos. Era um rapaz maravilhoso, inteligente, entendendor de cinema e de livros. E nunca fugira de nada, nunca se escondera de nada, ele aprendera com a vida a dar a cara a tapa. Ele agora se olhava no espelho, sorrindo para sí e lembrando dos doces dias de outono, dos claros dias de inverno, dos aconchegantes dias de primavera e dos dias excepcionais de verão. Agora ele percebera, ele se tornara tudo aquilo que mais amava, tudo que mais desejava o construia, o fazia ser ele.
O mundo para ela.
O mundo, ela morria de medo dele. Ele seu maior inimigo, seu maior assassino. Assassino de sonhos, de amores, de desejos e de felicidades. Ele sempre a impossibilitou de tudo, a culpa era do mundo e de quem mais seria? Ele a levava à lugares inabitáveis, sujos e vazios. O mundo era cinza, era marginalizado. Ela aprendera aqui com dificies liçoes, mas ela nunca desistira dele, sempre o enfrentava de cabeça erguida, mas o mundo foi sacana com ela. Lhe jogou num buraco sem fundo, num universo paralelo e dela levou tudo que um dia amara, tudo que um dia sentira. Ela, graças ao mundo, não sentia, não vivia e não respirava. Ela aprendeu, do pior jeito, que com o mundo não se brinca.
O mundo para ele.
Ele era cruel e frio, sim, ele sempre soube que o mundo podia lhe reservar péssimos momentos. Mas ele era mais forte, por isso o mundo nunca o enguliu, por isso ele nunca passou pela apertada garganta do mundo. O mundo adorava brincar com ele, lhe pregando peças, lhe aplicando tormentos e tentando sempre lhe passar a perna num momento de fraqueza para lhe consumir. Mas o rapaz era mais sagaz que o mundo. Ele passava por tudo aquilo com grandes gargalhadas. Nada era impossivel para ele. E isso ele podia provar pra quem fosse, o mundo estava abaixo de seus pés e não sob suas costas.

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